Situação dos SMTUC — AM JUL. 2021

Assembleia Municipal de Coimbra de 29 de julho
Intervenção do deputado Serafim Duarte, dos Cidadãos por Coimbra (CpC) sobre situação dos SMTUC, carreiras dos motoristas e necessidade de um plano de ação que inverta a situação de crise e reforce o papel central dos transportes públicos na mobilidade urbana e no combate às mudanças climáticas.
É, para nós, matéria de especial preocupação a situação dos SMTUC, tanto mais que consideramos peça fundamental e imprescindível, na estratégia de transportes e mobilidade do nosso concelho, tendo em conta, não só o serviço às populações, como o papel crucial que deve desempenhar, enquanto transporte coletivo, numa estratégia mais global de combate às alterações climáticas. De ano para ano os SMTUC perdem passageiros e agrava-se o défice, obrigando a reforço significativo dos subsídios à exploração, por parte do município, que, em 2020, ascenderam aos 9,3 milhões, dos quais 6,7 M€ suportados pelos impostos dos munícipes.
Por isso insistimos na necessidade de elaborar um plano de intervenção estratégica amplamente participado, que deve passar, entre outros aspetos, pela auscultação dos utentes atuais/potenciais/perdidos, identifique fontes de insatisfação, estabeleça prioridades e identifique oportunidades de melhoria dos serviços, continue a modernizar a frota, com autocarros elétricos.
Seria também muito importante reforçar os quadros dos SMTUC, nomeadamente nas oficinas e motoristas. Em relação a estes últimos, há que resolver o problema das carreiras pois que tendo sido equiparados a assistentes operacionais recebem salários de miséria que não são minimamente apelativos, nem têm em conta a sua qualificação e responsabilidade. O problema já há muito poderia e deveria ter sido resolvido, reparando a situação de flagrante injustiça em que se encontram os motoristas dos SMTUC, relativamente aos seus congéneres da CARRIS (Lisboa) e dos STCP (Porto).
A entrada em funcionamento do Metro Mondego é uma oportunidade para reestruturar as carreiras existentes, redefinindo horários, cadências e criando novas linhas que sirvam todo o concelho, nomeadamente as freguesias de S. João do Campo, S. Silvestre, Lamarosa e S. Martinho de Árvore que ainda não dispõem de serviços públicos de transporte dos SMTUC. Simultaneamente há que criar medidas de desincentivo ao uso do automóvel, dificultando o estacionamento no miolo da cidade e criar incentivos ao uso do transporte público, para o que é fundamental a criação de parques de estacionamento periféricos que, articulados com o sistema Ecovia, de modo a dissuadir as pessoas automobilizadas a trazerem os seus carros para a cidade, onde já não têm qualquer incentivo ao estacionamento nos atuais parques Ecovia.
Consideramos que esta é uma questão crucial, que não se deve prestar a jogos políticos partidários, a exigir a mobilização de todos, no sentido de encontrar soluções que melhorem efetivamente a mobilidade e transportes urbanos e que ajudem a inverter o plano inclinado em que os SMTUC se encontram, ano após ano. Para tal insistimos, há que ouvir, identificar problemas, debilidades, ouvir, inovar e projetar serviço que sirva e satisfaça a população. Reforçar os quadros, apostar na mobilidade elétrica e contribuir decisivamente para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa e a descarbonização.
