Coimbra, Cidade com Todos
Voltemos à cultura. Ao que nos distingue e permite escolher caminhos de inclusão. Coimbra tem todo o potencial para ser exemplo de território de acolhimento. Sempre se falaram muitas línguas nas suas ruas. Mas hoje o desafio é bem maior. A geografia humana está em convulsão e de nada adianta levantarem-se muros. A torrente é incontrolável e estreitar margens só aumenta a sua violência.
Percebendo isto, há hoje comunidades municipais apostadas em construir deltas para acolhimento e inclusão de todos os que chegam com modos diferentes, criando condições para potenciar o seu contributo no enriquecimento económico e cultural, combatendo os medos com a curiosidade, onde a ciência e a cultura vão desalojando preconceitos e fantasmas, onde a humanidade se traduza não em caridade ou solidariedade, mas em inclusão plena de toda a sua diversidade.
No CPC, propomo-nos examinar com luz forte e fria as políticas de integração dos homens e mulheres africanos, ciganos, eslavos, brasileiros, do médio oriente e de muitas outras proveniências, presentes hoje em Coimbra. Propomo-nos também ouvir experiências e ensinamentos dessas outras cidades que têm investido numa rede que assuma este desígnio orientador do futuro, chamada de “Cidades sem Medos”. Já começámos este trabalho no dia 9 de março, com uma iniciativa para a qual convidámos todos os grupos políticos desta Assembleia e faremos o possível para que Coimbra integre esta rede, não de nome, mas de políticas concretas, que articulem com outras, como as de resposta e combate às alterações climáticas, e que invistam o nosso município de uma cultura transformadora que anteveja e se adiante nas respostas, sem esperar pelos problemas.
NA NOSSA PERSPETIVA, COMUNICADA À COORDENAÇÃO DA CANDIDATURA A CAPITAL EUROPEIA DE CULTURA, ESTA É UMA LINHA DE INVESTIMENTO PRIORITÁRIA, TANTO PARA COIMBRA, COMO PARA A EUROPA, AMBAS A NECESSITAR DE PESSOAS E DE REJUVENESCIMENTO.
E estamos certos, até pelos testemunhos das pessoas e instituições que escutamos, que isto não se consegue nem com bons e bem-intencionados discursos, nem com planos fechados em papel, como aquele que a nossa Câmara Municipal aprovou há 3 anos e do qual nada mais se soube – o “Coimbra Acolhe, Plano Municipal para o Acolhimento e Integração de Refugiados”.
TALVEZ QUE O PRIMEIRO PASSO DE MUDANÇA CULTURAL DEVA SER ESTE DE ENTENDER A QUESTÃO NÃO COMO UM PROBLEMA DE INTEGRAÇÃO, MAS COMO UMA OPORTUNIDADE DE INCLUSÃO. ESPERAMOS, PORTANTO, QUE TAMBÉM NESTE CAMPO, A CANDIDATURA A CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA CONTRIBUA PARA ABRIR POLÍTICAS PARA AS PESSOAS, TODAS AS PESSOAS, AS QUE TEMOS E AS MAIS QUE QUEIRAM VIR E FICAR.
Intervenção da líder de bancada do CpC, Graça Simões.
AM – 23-3-2019