Deliberação do Plenário do Movimento Cívico Cidadãos Por Coimbra sobre o “projecto Via Central”

No Plenário do Movimento Cívico Cidadãos Por Coimbra, realizado no dia 11.05.2016 foi tomada a seguinte deliberação:
Considerando que:
- o Executivo Municipal aprovou no final do mês de Fevereiro de 2016 aquilo que designa por “Via Central” e que mais não é que o esventramento dos tecidos urbanos medievais mais sensíveis e mais centrais;
- para concretizar aquilo a que “projecto” apresenta o que, na verdade, é um mero diagrama de demolição de um grande número de edifícios de elevado significado patrimonial, sem nenhuma alternativa que nos possa garantir que o que se lá vai fazer tem em conta uma área urbana ancestral reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade;
- esta deliberação camarária ao invés de, como invoca, ter em vista a reabilitação urbana, visa apenas a banalização do trânsito automóvel, ao contrário do que justificou a anterior demolição e a correspondente Declaração de Impacto Ambiental (DIA), cujo fim era a abertura de um canal dedicado para a passagem da denominada linha do Hospital do sistema de metropolitano ligeiro de superfície Metro Mondego;
- a passagem do metropolitano ligeiro de superfície deve constituir a única razão para qualquer eventual demolição a efetuar, que deve restringir-se ao mínimo absolutamente necessário e sempre com base em projeto global que, aliás, já existe;
- esta é uma matéria da maior importância para a cidade e as cidadãs e os cidadãos de Coimbra devem ser chamados a pronunciarem-se sobre ela, no exercício pleno do seu direito de participação, através de referendo local, a realizar de acordo com o Regime Jurídico do Referendo Local estabelecido pela Lei Orgância nº 4/2000, na sua redação atual.
O Plenário de Cidadãos do Movimento Cívico Cidadãos Por Coimbra, reunido em 11.05.2016, delibera:
- mandatar os eleitos pelo CPC na Assembleia Municipal para realizarem todas as diligências necessárias, nomeadamente articulando-se com as demais forças políticas ali representadas, com vista à preparação e apresentação, em prazo não superior a 15 dias, ao Presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, de um projeto de referendo local sobre a denominada “ Via Central”;
- mandatar a Direção do CPC e o Grupo de Trabalho Baixa-Rio para desenvolverem todas as iniciativas políticas que se mostrem necessárias à denúncia da pretensão camarária junto das autoridades nacionais e internacionais com competências na defesa do património, da cultura e do ambiente;
- reiterar o empenho do Movimento Cívico Cidadãos Por Coimbra no processo de concretização do sistema de mobilidade Metropolitano Ligeiro de Superfície, com uma solução em carris que ligue Serpins a Coimbra B e ao CHUC;
- reiterar o empenho do Movimento Cívico Cidadãos Por Coimbra na reabilitação urbana que garanta a regeneração de todo o tecido urbano destruído, com vista a promover a habitação, o lazer, o turismo e o comércio local, como condição essencial de desenvolvimento da cidade de Coimbra.
Apenas um pedido de esclarecimento sobre isto: “um mero diagrama de demolição de um grande número de edifícios de elevado significado patrimonial”.
Quando falam de “um grande número”, de que números em concreto estão a falar? E esse muito elevado número de edifícios tem todo um elevado significado patrimonial? Eu nasci e cresci na baixa de Coimbra, na rua da Moeda, e conheço bem essa zona e o “elevado significado patrimonial” dos seus edifícios. Não são exactamente os antigos colégios da rua da Sofia, se é que me faço entender.
Julgo que se querem captar a atenção dos cidadãos de Coimbra e mobilizá-los para as vossas causas, deverão ser mais claros e dizer, de forma exacta, o número de edifícios que se prevê que sejam demolidos e suas características. É de lembrar que o “óptimo é inimigo do bom” e que enquanto se arrastam os estudos das soluções perfeitas, temos uma parte da baixa em escombros, com prejuízo para moradores e comerciantes. Acreditem que há gente com medo que um eventual embargo eternize a situação. Não estamos numa tertúlia da Academia, mas sim a falar da vida comum das pessoas.
Já agora, é estranho este vosso site não ter qualquer comentário de leitores. É apenas indiferença dos leitores ou escasso acesso ao site? O meu, se for aprovado, será o primeiro…
Pedro, todos os comentários são aprovados desde que formulados num estilo respeitoso. Todas as críticas e cottecções são bem vindas.
Ok, obrigado pela resposta condescendente, paternalista e enfadada, sem sequer estar assinada, e sem resposta a nada do que comentei e questões que coloquei. Há variadas formas de ser respeitoso e uma delas é ser-se directo e claro. Até sempre.
Pedro, a resposta que recebeu, à pergunta em relação aos comentários de leitores, foi-lhe dada pelos administradores desta página e por essa razão é normal aparecer assinada como cidadãos por Coimbra.
Quanto às outras suas perguntas respondo-lhe em meu nome pessoal. Aconselho-o, se quiser saber, exactamente o que pretende a CMC fazer na “Via Central”, quantas casas vai demolir, o que vai exactamente ali fazer, que se dirija à CMC e faça essa pergunta a quem de direito. Certamente só o senhor Presidente da Camara lhe saberá responder, pois os nossos maiores receios e críticas vêm exactamente de nunca se saber ao certo quais são os planos que o Sr. Presidente tem para uma determinada área. E nem sequer estou a fazer ironia.
Não são os cidadãos de Coimbra que têm que demonstrar coisa alguma, pelo contrário é ao executivo que compete provar que o “projecto” tem a qualidade necessária para uma área classificada como Património da Humanidade. E até hoje nada vimos, nada sabemos. Mais uma vez para requalificar não é necessário destruir o que resta, o optimo é inimigo do péssimo.
Sim, mas quem diz que a Câmara vai destruir uma imensa quantidade de edifícios, com grande valor patrimonial, o tal (“mero diagrama de demolição de um grande número de edifícios de elevado significado patrimonial”) é o CpC, não a Câmara, pelo que supus que dessem essa informação com conhecimento de causa. Quantos e quais. Era apenas sobre isto que vos pedia esclarecimentos. Conheço pelo menos o desenho da via e área de intervenção e é quanto me basta, por ora, porque conheço muito bem a zona e seus edifícios, quanto mais não seja por ter lá vivido. Não tenho razão, por ora, reforço, para supor que esse esquema não seja cumprido e que em vez disso seja demolida a maior parte da baixinha, Rua da Sofia, por ali adiante, incluída. Se for feita outra coisa, serei o primeiro a indignar-me.
Olá Pedro,
Pelo que acabei de ler, considero que queira ser o primeiro a indignar-se.
Mas já não vai a tempo. Será, na melhor das hipóteses o segundo. 😉
A baixinha está a ser demolida aos poucos, a pretexto de um projecto do Estado Novo, que neste momento não faz qualquer sentido.
Se tivessem pedido a sua opinião sobre as demolições da Alta, do “Bota a Baixo”, da cratera (que agora faz parte da “Via Central”) e por último destes edifícios da Rua da Sofia, tenho muitas dúvidas que votasse a favor das suas demolições.
É muito fácil ir demolindo, para ter o pretexto de “agora tem de ser”. Porque se tivessem começado a demolição pela Rua da Sofia e a tivessem deixado durante 40 anos em ruína, os votos não voltariam a ser tantos.
Pedro, os Cidadãos por Coimbra não são contra as coisas só porque sim. Apenas exigimos que para uma demolição, haja um projecto que o justifique. E até agora, o executivo desta autarquia não demonstrou qualquer interesse em mostrá-lo, nem em fazer uma discussão pública sobre este assunto.
Quantos anos esteve o “Bota Abaixo” feito ruína?
Já que ali vive, pergunto, gostou do que viu?
Olá, Luisa.
Eu apenas perguntava qual o “grande número de edifícios de elevado significado patrimonial” que, segundo o CpC vai ser demolido para a via central, o que não bate certo com o diagrama que conheço. Isto vai ficar sem resposta, obviamente. Não falei da Alta, nem do Bota Abaixo. Mas, já agora, a destruição da Alta foi um crime e sobre o Bota Abaixo poderia ter sido feito de outra maneira. Não gosto da feia arquitetura do edifício que lá plantaram, apenas isso. Mas exemplos dessa arquitetura brutalista e funcional não faltam na cidade, noutros locais, até premiados, mas adiante.
Já não vivo na Baixa. Vivi até aos 15 anos, mas continuo a frequentá-la e a ter lá amigos e conhecidos. O que me dói é a cratera. Saudades nenhumas dos edifícios que foram ao chão.
Mas não foi nada disto que suscitou os meus anteriores comentários, como disse, apenas um pormenor informativo vosso que não me parece bater certo.